Em escrita breve e verso livre.

Eu perdi-me em ti como perdi-me na floresta negra do amanhecer.
Quando não ouvi os conselhos e deixei-me cair.
Numa natureza índole e perceptível.
Onde o Sol é sempre ofuscado pela Lua.
Não dando chances para os outros tremeluzirem.

Na realidade, eu estava vivendo um jogo.
Daqueles de pontos e game overs.
No qual varava madrugadas inteiras e solitárias.
Esperando por um milagre que nunca vinha.
Numa chance de receber o tão prémio desejado.

O preto e branco ilustravam o meu quarto.
As sombras pintavam o meu episódio.
O silêncio queimava a minha decadência.
Era um filme dos anos 10.
Sem créditos finais.

Não havia momento mais precioso.
Quando a minha cama recebia o meu corpo.
Mas permanecendo sempre lá o cansaço.
Duro, entorpecido, frio e simbólico.
Ascendente em um torpedo de lágrimas.

Eu sabia que a salvação já não vinha.
Que os livros empoeirados na prateleira.
Já não contavam uma história.
E sim, retratavam um esforço insignificante.
Paralelo de memórias cruas.

Contudo, a esperança ainda residia.
Em algo que eu chamava de coração.
E ainda batia forte e decisivo.
Tentando reter os últimos suspiros.

De algo, que um dia foi uma vida.

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